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Campus Porto Grande inicia capacitação de profissionais moçambicanos

Publicado: Terça, 14 de Novembro de 2017, 11h39
Mesa da solenidade
 
Os moçambicanos Rassul Essimela, 30 anos, e Jaime Maunde, 28 anos, graduados em engenharia agrícola e engenharia hidráulica agrícola, respectivamente, estão no Brasil tendo uma nova oportunidade. Serão capacitados pelo Instituto Federal do Amapá (Ifap), no campus Porto Grande, aprimorando os conhecimentos em agricultura. Resultado de um protocolo de intenções entre o Ministério da Ciência e Tecnologia, Ensino Superior e Técnico Profissional de Moçambique e o Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif), a capacitação beneficia 30 professores e recém-graduados moçambicanos em diferentes Institutos Federais.
 
Moçambicanos dançam com professoras“Temos um campus agrícola e não poderíamos ficar de fora desse programa. Por isso nós do Ifap fizemos questão de receber os moçambicanos”, destacou a reitora Marialva Almeida, durante a aula inaugural do curso de Formação Inicial e Continuada (FIC), no final da tarde desta segunda (13/11), no auditório do campus Porto Grande. Também participaram o diretor-geral do campus, Oséias Ferreira, a responsável pelo setor de Relações Internacionais do Ifap, Aldenise Borges, e a coordenadora do curso, professora Natália Zatorre, além de servidores do campus. Houve apresentações de música, dança e poesia regionais, além de capoeira, por professores e estudantes.
 
De acordo com Natália Zatorre, o curso será voltado para conhecimentos em solos, em complemento à capacitação em mecanização agrícola, já iniciada pelos dois moçambicanos no Instituto Federal de Roraima (IFRR). Serão 160 horas de curso até o início de dezembro, distribuídas em aulas teóricas, aulas práticas com visitas a diversas instituições do estado, como a Embrapa Amapá, e áreas de plantio, além de aulas a distância. Como prevê  o programa do Conif, o Ifap concedeu a cada aluno uma bolsa de estudo para custear as despesas de estadia e alimentação.
 
Jaime Maunde
Crise - Rassul e Jaime se graduaram há mais de um ano no Instituto Superior Politécnico de Manica e de Gaza, respectivamente, e estavam desempregados devido à crise econômica, assim como grande parte dos recém-graduados daquele país. Inicialmente o programa de parceria com o Brasil previa apenas a vinda de 30 professores, mas surgiu a ideia de incluir os recém-graduados.
 
Rassul ao lado da coordenadora do curso
“Recebi um telefonema do Ministério da Ciência e Tecnologia e fiquei muito feliz de poder vir ao Brasil. Podem ter a certeza de que, na volta à Moçambique, vou transmitir todo o conhecimento que eu tiver aqui para os profissionais que precisam”, disse Rassul, que, juntamente com Jaime, relatou as graves condições de vida da população daquele país, em consequência dos danos da guerra da independência de Portugal e de mais 16 anos de guerra civil, além da crise mundial de 2016. “As guerrilhas acabaram com o pouco que os portugueses tinham deixado”, contou Jaime. “Com a subida do dólar no ano passado, a situação piorou muito mais porque importamos quase tudo o que consumimos. Não há emprego”, completou Rassul, informando que Moçambique tem uma agricultura precária, importando até mesmo arroz da China. “Já recebemos arroz de papel”, contou.
 
Programa – O programa “Formação de Formadores de Moçambique no Brasil – Ciências Agrárias” tem o objetivo de capacitar os professores e graduados em instituições agrárias, contribuindo, no retorno ao país de origem, para a promoção da agricultura e para a reforma da educação profissional em Moçambique. O programa é uma ação do Conif, com apoio da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec/MEC) e da Agência Brasileira de Cooperação (ABC).
 
Por Suely Leitão, jornalista da Reitoria
 
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