I Encontro do Neabi+ revela histórias de sucesso de pessoas que lutam contra o preconceito
Depois do Campus Santana, o próximo local a ser sede do encontro das coordenações do Neabi+ será o Campus Laranjal do Jari, em março de 2024
As práticas esportivas na luta pelo antirracismo e por políticas para inclusão da diversidade deram tema ao I Encontro do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros, Indígenas, Povos da Floresta, Comunidade LGBTQIA+ e Identidades (Neabi+) do Instituto Federal do Amapá (Ifap), ocorrido nos dias 17 e 18 de agosto, no Campus Santana. O evento uniu pessoas de todos os gêneros, de todas as cores e raças num amplo debate com o público formado por estudantes, professores, profissionais da área técnica do Ifap e pela comunidade externa.
O I Encontro do Neabi+ trouxe reflexão e discussão sobre gênero, diversidade e políticas públicas voltadas para as práticas esportivas e reuniu coordenadores do Neabi+ das unidades de Macapá, Santana, Laranjal do Jari e Porto Grande. A programação deu lugar à reunião dos coordenadores de campi do Neabi+ Letícia Barriga (Campus Laranjal do Jari), Fátima Sueli (Campus Macapá), Alexandre Nunes (Campus Agrícola Porto Grande) e João Morais (Campus Santana), em que foi escolhido o Campus Laranjal do Jari como sede do encontro do ano que vem, nos dias 21 e 22 de março.
“É muito bom a gente poder receber eventos como esse e colegas de todos os campi, trocar experiências e poder ter esse debate sobre a diversidade dentro do esporte. Sabemos que este é um tema mais do que atual quando a gente trata de esporte. Está muito forte isso, tanto envolvendo pessoas conhecidas, como o que ocorreu com o Vinícius Júnior [atacante brasileiro do Real Madrid, que sofreu um histórico de discriminação em função da cor da pele], um atleta internacionalmente conhecido, mas acontece muito com os não conhecidos também, e talvez até mais porque não ganha projeção na mídia e acaba passando em branco. Essa discussão, principalmente com os nossos alunos, que são os propagadores desses ensinamentos, desse aprendizado, é muito bom.”, declarou o diretor-geral do Campus Santana, Marlon Nascimento.
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Combate ao racismo, misoginia e homofobia
O Neabi+ tem natureza propositiva, consultiva e tem a finalidade de desenvolver ações de implantação e implementação das políticas afirmativas, conforme diretrizes do Ministério da Educação e demandas existentes no Ifap. Atua no escopo da Pró-Reitoria de Extensão, Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão (Proeppi), por meio da Coordenação de Ações Inclusivas e Diversidade (Coaid), e nos campi está ligado diretamente à Direção-Geral em articulação com os demais setores. Estimula e promove ações de ensino, pesquisa e extensão orientadas à temática das identidades e relações étnico-raciais no tocante às questões da diversidade, na perspectiva dos princípios multiculturais, atuando também no fomento a estudos e desenvolvimento de ações de valorização das identidades afro e indígenas no âmbito da instituição e em suas relações com a comunidade externa.
O tema escolhido para o evento busca chamar a atenção para as práticas racistas, misóginas e homofóbicas no esporte e que têm sido cada vez mais recorrentes nesse meio. A proposta visa a construção da cidadania por meio da valorização da identidade étnico-racial, do respeito às diferenças e à igualdade de oportunidades, eliminar o racismo em suas diversas estruturas, o preconceito e a LGBTfobia em todas as suas formas discriminatórias.
Coordenadores de campi do Neabi+ apresentam as ações locais do Núcleo
“É muito importante nós estarmos trazendo para a Extensão debates como este, porque é função do Ifap fortalecer o estado do Amapá, mas também fazer refletir essas incongruências que nós temos dentro da nossa sociedade. E como espaço de inclusão e pluralidade, o Neabi+ promove o respeito e o fortalecimento de um ambiente acolhedor aos nossos alunos e servidores.”, afirmou o representante da Proeppi no evento, Renan Almeida.
Para a atleta amapaense de jiu-jítsu, medalhista de ouro e 4ª colocada da América do Sul e do Brasil no AJP Tour North Regional, que aconteceu neste ano em Belém (AP), Nathaly Santos de Jesus, apesar do crescimento de espaços ocupados por mulheres no esporte, ainda pode se ver desigualdade no tratamento, inclusive pelos próprios atletas. “Os professores são bons, mas a gente vê que muitos atletas não levam tanto a sério quando falamos que uma menina quer praticar uma luta, tanto que quando a gente luta vemos que eles não põem tanta força, isso impede muito a gente de evoluir, essa desigualdade de alguns, não de todos. E isso não nasce com a pessoa, vai sendo construído.”, observa Nathaly, que tem 17 anos e cursa o ensino médio Técnico Integrado em Administração, no Campus Laranjal do Jari do Ifap. A atleta pratica jiu-jítsu desde 2019, e nesses quatro anos já conquistou 16 medalhas, sendo 14 de ouro e 2 de prata.
Mesa-redonda com as atletas amapaenses Wanna Oliveira e Nathaly de Jesus, mediadas por Gizelly Guedes
Também esteve no Encontro a paratleta amapaense, vice-campeã mundial no arremesso de peso, recordista das Américas e recordista brasileira na classe f32 em arremesso de peso e lançamento de club, Wanna Helena Brito Oliveira. Wanna é fisioterapeuta e acadêmica de Educação Física e neste ano levou o Brasil ao pódio olímpico com 27 anos, compondo a delegação brasileira no Grand Prix Marrakesh, no qual conquistou medalhas de ouro e de prata.
“Poder mostrar o meu trabalho e mostrar que eu sou boa no que faço torna a minha autoestima melhor. Poder inspirar outras pessoas, mulheres e homens. A minha aceitação se deu depois que eu entrei no esporte e a minha autoestima se deu por meio do esporte, porque antes de eu ser atleta eu não me aceitava como pessoa deficiente, como mulher, eu tinha muita vergonha, e a partir do meu trabalho como atleta eu posso demonstrar como é essa garra de ser mulher, ser atleta, paratleta, e tudo isso está sendo maravilhoso pra mim.”, declarou Wanna Oliveira.
A diversidade étnico-racial, de pessoas com deficiência e de gênero está presente no esporte assim como em todos os espaços construídos pela e na sociedade e não pode ser ignorada, mas reconhecida, incluída e respeitada, e a programação do I Encontro do Neabi+ trouxe esse debate para dentro do ambiente acadêmico com temáticas como a de representatividade feminina no esporte amapaense, de combate ao racismo no esporte, de representatividade e inclusão de pessoas trans no esporte amapaense, e de estímulo à investigação científica com o documentário Gol Contra o Racismo: O Jogo pela Diversidade no Futebol, produzido por estudantes do 3° ano do curso Técnico em Química do Campus Macapá: Melissa Roberta Almeida, Carlos Xavier, Tays Barros, Gabriela Marques e João Lucas Sena, sob a coordenação da professora de História do Ifap Cristina Pereira.
O I Encontro do Neabi+ reuniu servidores de todos os campi do Ifap, estudantes e comunidade externa amapaense e contou com a organização local do professor Rafael Silveira e mediação da professora de Educação Física Gizelly Guedes. Participaram como palestrantes convidados: Wanna Oliveira, Nathaly de Jesus, a transexual ativista dos direitos humanos e atuante na luta contra a transfobia e violência contra mulheres na internet Fleur Ferreira Maciel, os estudantes documentaristas do Campus Macapá e o mestre em ensino de ciências e militante do Movimento Negro e Movimento da Periferia e pesquisador na área racial negra, de inclusão e diversidade na educação Raimundo Alves Medeiros Neto.
Por Keila Gibson, jornalista do Campus Santana
Instituto Federal do Amapá (Ifap)
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