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Palestrante defende “olhar diferenciado” para garantir educação inclusiva

Publicado: Quinta, 21 de Fevereiro de 2019, 11h26

Palestrante fala sobre autismo no campus Macapá do Ifap

Embora a legislação brasileira obrigue todas as escolas, públicas e privadas, a matricular estudantes com deficiências, a psicopedagoga amapaense Viviani Guimarães considera que a educação inclusiva ainda não é efetiva no país. Sobre inclusão e, particularmente, “Organização curricular sob o foco do espectro autista”, a palestrante falou, nesta quarta-feira (21/2), para professores, técnicos e estudantes, no auditório do campus Macapá do Instituto Federal do Amapá (Ifap), e defendeu um “olhar diferenciado” das escolas e educadores.

 

A especialista iniciou a palestra contando sua própria experiência com os dois filhos, que tiveram uma série de dificuldades de adaptação na escola antes de receberem o diagnóstico de TDAH e de Síndrome de Asperger. “Não podemos esperar o diagnóstico, mas na escola os nossos filhos vão para aprender e se isso não estiver acontecendo tem algo errado. Temos que ter um olhar diferenciado para quem tem alguma deficiência”.

 

Na avaliação de Viviane Guimarães, a Lei Brasileira de Inclusão protege quem tem deficiência, porém, nem toda deficiência é visível e, na maioria das vezes, o aluno autista pode ficar excluído mesmo dentro da sala de aula. “Hoje toda escola tem que receber o aluno com deficiência, mas não sei o que é pior, se agora ou antes, porque antes se uma escola aceitava esse aluno com certeza ela faria algo para atendê-lo”, analisou.

 

Para a psicopedagoga, é preciso que haja não só integração, mas também participação e aprendizagem dos alunos com deficiência, entre eles os autistas. “Enquanto o aluno não tiver participação, voz ativa na sala de aula, ou seja, se ele ficar sem fazer nada na sala de aula, isso não é inclusão”, afirmou a palestrante.

 

Viviane Guimarães falou sobre as dificuldades no diagnóstico do autismo e a consequências disso no aprendizado e na convivência com os colegas da escola. O autista não tem uma feição, como o portador da síndrome de down, e até ter o diagnóstico pode ser tido como burro ou mal educado. O tempo dele é outro. Ele pode responder uma pergunta 20 minutos depois. Mas nós, afinal somos professores, temos que adaptar aquilo que estamos ensinando ao tempo daquele aluno, e saber que fizemos a diferença na vida daquele jovem”, aconselhou a palestrante.

 

Ao defender a adequação curricular que permita a certificação de habilidades diferentes das tradicionais, Viviane Guimarães citou o exemplo inovador do “diploma social”, projeto do professor Casemiro José Mota, vencedor do Prêmio Orgulho Autista 2016. Com o “diploma social”, proposto no Instituto Federal Catarinense (IFC), os estudantes com autismo ou com síndrome de down podem receber certificação somente daquilo que conseguem aprender e desenvolver autonomamente.

 

Podemos relativizar a formação para permitir que aquele aluno com deficiência saia da instituição com uma formação que lhe permita ingressar no mercado de trabalho. O objetivo de formação tem que ser o que é fundamental para o estudante”, defendeu a palestrante, que, atualmente, está radicada em Brasília-DF, e, como vice-presidente do Movimento Orgulho Autista Brasil, realiza palestras para professores, alunos e pais de alunos, em diversas instituições, a fim de conscientizá-los sobre o autismo.

 

Por Suely Leitão, jornalista da Reitoria

 

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